
Quando o grito ecoa e a paciência se esgota
Sei bem como é difícil manter a calma quando seu filho ou sua filha começa a gritar no meio da sala e você já está cansada, com a cabeça cheia de outras tarefas. Nesses momentos, a pergunta que quase sempre aparece é: como manter a calma quando meu filho está gritando? Essa dúvida é natural para quem tem crianças pequenas e quer agir com equilíbrio, mesmo diante do caos.
Quando isso acontece, não é raro você se sentir como se estivesse falhando ou perdendo o controle. Mas reagir com gritos ou impaciência não resolve — só alimenta um ciclo de estresse que pode ficar cada vez mais difícil de controlar. A boa notícia é que você pode aprender a lidar com essas situações com mais consciência, presença e equilíbrio emocional.
Neste artigo, vou ajudar você a entender:
- O que fazer na hora em que seu filho grita muito.
- Como parar de gritar com os filhos mesmo nos dias mais difíceis.
- Estratégias práticas para ajudar seu filho a se acalmar.
- O que fazer depois de perder a paciência e acabar gritando.
Tudo isso com base em educação emocional e parentalidade consciente, trazendo dicas práticas para quem vive os desafios reais da criação de crianças pequenas.
Parentalidade consciente e mindfulness: Ferramentas para manter a calma quando seu filho está gritando
A parentalidade consciente é uma abordagem que convida os pais a estarem presentes e atentos, não apenas às ações dos filhos, mas também às suas próprias emoções e reações. Laura Markham, uma das principais referências em parentalidade consciente, defende que o principal é cultivar a conexão emocional, o que ajuda a criar um ambiente de segurança e confiança para a criança.
Mindfulness, ou atenção plena, é uma prática que complementa perfeitamente a parentalidade consciente. Ela ensina a observar os pensamentos, emoções e sensações do momento presente sem julgamento. Segundo Jon Kabat-Zinn, um dos pioneiros da popularização do mindfulness, essa prática traz benefícios comprovados para a regulação do estresse e melhora da paciência.
A autora Maya Eigenmann, em seu livro Educar com Mindfulness, reforça que quando os pais cultivam essa presença consciente, eles não apenas lidam melhor com situações desafiadoras, como também oferecem aos filhos um ambiente mais seguro e acolhedor para o desenvolvimento emocional.
Isso reduz a impulsividade, o estresse e ajuda a modelar para a criança uma forma mais saudável de lidar com as emoções.
Benefícios da parentalidade consciente aliada ao mindfulness:
- Redução do estresse parental e da reatividade.
- Melhora da comunicação e do vínculo afetivo.
- Desenvolvimento da regulação emocional tanto dos pais quanto dos filhos.
- Ambiente familiar mais acolhedor e seguro.
Incorporar essas práticas no dia a dia é um investimento valioso que traz resultados duradouros no relacionamento familiar.
O que fazer para manter a calma quando seu filho está gritando muito?

O grito de uma criança pequena é, na maioria das vezes, uma tentativa de comunicar algo que ela ainda não consegue expressar com palavras. Segundo Daniel J. Siegel, neuropsiquiatra e autor de O Cérebro da Criança, o cérebro das crianças pequenas ainda está em desenvolvimento, especialmente nas áreas responsáveis pela autorregulação emocional. Isso significa que elas simplesmente não têm os mesmos recursos que um adulto para lidar com frustrações e emoções intensas.
Laura Markham, psicóloga clínica e autora de Pais e mães serenos, filhos felizes: Crie uma conexão de empatias, também aponta que gritar, bater os pés ou chorar alto são manifestações normais de crianças pequenas que estão sobrecarregadas emocionalmente. Ao invés de interpretar o grito como desafio ou manipulação, ela sugere que os pais enxerguem como um pedido de ajuda para se reorganizar emocionalmente.
Para ajudar a manter a calma quando meu filho está gritando, experimente:
- Respire fundo: use a técnica de respiração 4-4-4 (inspire em 4, segure 4, expire 4).
- Aproxime-se com calma e olhe nos olhos da criança.
- Nomeie o que ela pode estar sentindo: “Você está bravo porque queria mais tempo para brincar?”
- Ofereça contorno: “Eu entendo que você queria mais tempo, mas agora é hora de guardar os brinquedos. Posso te ajudar.”
Essas atitudes não apenas ajudam a conter a situação no momento, mas também ensinam, pouco a pouco, habilidades emocionais que a criança levará para a vida toda.
Como fazer para parar de gritar e manter a calma quando seu filho está gritando?
Gritar geralmente é um reflexo do cansaço e da sobrecarga emocional dos pais. Para conseguir manter a calma quando meu filho está gritando, é fundamental identificar seus gatilhos e criar estratégias para reduzir o estresse. Segundo a psicóloga Laura Markham, autora de Pais e mães serenos, filhos felizes: Crie uma conexão de empatias, os pais que conseguem identificar seus próprios gatilhos emocionais têm mais chances de controlar suas respostas e evitar o grito. Ela enfatiza que o autocontrole parental é uma habilidade que se desenvolve com prática e autoconhecimento.
Daniel J. Siegel, em O Cérebro da Criança, também destaca que o cérebro adulto e infantil funcionam de formas diferentes, e que a regulação emocional dos pais é fundamental para que a criança aprenda a se autorregular. Assim, quando os pais gritam, acabam reforçando um padrão emocional que não ajuda no desenvolvimento do filho.
Para interromper esse ciclo, sugere-se:
- Reconhecer e anotar os momentos que mais provocam o grito.
- Desenvolver pausas conscientes para respirar e se reorganizar.
- Substituir o grito por uma comunicação calma, mesmo que seja necessário abaixar-se para falar na altura da criança.
- Buscar apoio social ou profissional para ganhar novas ferramentas e suporte emocional.
Como posso ajudar meu filho a se acalmar?
Para que você consiga manter a calma quando meu filho está gritando, é importante também ajudar seu filho a desenvolver ferramentas para a própria regulação emocional. John Gottman, pesquisador renomado em emoções familiares, chama de “coaching emocional” a prática de ajudar as crianças a nomear e lidar com suas emoções.
Algumas estratégias recomendadas pelo autor Gottman em seu livro Inteligência Emocional e a Arte de Educar nossos Filhos são:
- Criar espaços seguros e acolhedores onde a criança possa se refugiar quando sentir que a emoção está muito intensa.
- Ensinar técnicas simples de respiração e relaxamento, como inspirar profundamente e expirar devagar.
- Validar os sentimentos da criança, dizendo algo como: “Eu entendo que você está chateado”.
- Usar livros e histórias que falem sobre emoções para ampliar o vocabulário emocional da criança.
Essa abordagem não só ajuda a criança a se acalmar no momento, mas também desenvolve habilidades para o controle emocional a longo prazo.
No artigo Birras: Como lidar usando Educação Emocional e Mindfulness., eu ensino o método C.A.L.M.A, um passo a passo exclusivo que ajuda muito os pais a conduzirem de maneira prática e didática aquele momento tenso de explosão emocional. Tem inclusive um material gratuito que disponiblizei para ter acesso imediato quando precisar.
O que fazer depois de gritar com os filhos?
Nem sempre conseguimos manter a calma quando meu filho está gritando — isso é humano, o importante é como você age depois. Brené Brown, especialista em vulnerabilidade e empatia, enfatiza que admitir as falhas é fundamental para construir relações saudáveis e confiáveis.
Daniel Siegel e Tina Payne Bryson, autores de O Cérebro da Criança, destacam a importância do reparo emocional: quando o adulto se desculpa e explica o que aconteceu, a criança aprende que os relacionamentos não são perfeitos, mas podem ser corrigidos com respeito e amor.
Práticas recomendadas:
- Respirar fundo e se afastar por alguns minutos se necessário para recuperar o equilíbrio.
- Pedir desculpas com sinceridade, explicando que o grito não foi culpa da criança.
- Conversar com calma sobre o que aconteceu e propor alternativas para lidar melhor da próxima vez.
- Refletir sobre os próprios gatilhos emocionais e buscar estratégias para preveni-los.
Esse processo é fundamental para fortalecer o vínculo e promover um ambiente emocional seguro para a criança.
Conclusão: Educação emocional com Mindfulness é um caminho, não um destino
A cada grito, birra ou conflito, você tem uma nova chance de ensinar e aprender. A educação emocional aliada a práticas de mindfulness para pais é um caminho de autoconhecimento, empatia e reconexão.
Comece pequeno. Uma respiração de cada vez. Uma palavra mais suave. Um pedido de desculpas. Isso já é transformação.
Quer ir além? Acesse agora minha Biblioteca de Recursos Gratuitos, com práticas e materiais para ajudar você e sua família a cultivar Educação Emocional com Mindfulness sem pesar na sua rotina.
Referências:
- SIEGEL, Daniel J.; PAYNE BRYSON, Tina. O Cérebro da Criança: 12 estratégias revolucionárias para nutrir a mente em desenvolvimento do seu filho e ajudar sua família a prosperar. São Paulo: Editora: nVersos Editora, 2015.
- MARKHAM, Laura. Pais e mães serenos, filhos felizes: crie uma conexão de empatia. São Paulo: nVersos, 2019.
- GOTTMAN, John; DECLAIRE, Joan. Inteligência emocional e a arte de educar nossos filhos. São Paulo: Objetiva, 1998.
- BROWN, Brené. A arte da imperfeição: abandone a pessoa que você acha que deve ser e seja você mesmo. Rio de Janeiro: Sextante, 2020.
- KABAT-ZINN, Jon. Atenção plena para iniciantes: usando a prática de mindfulness para acalmar a mente e desenvolver o foco no momento presente. Rio de Janeiro: Alaúde, 2017.
