Você anda se sentindo sobrecarregado tentando dar conta de tudo? Trabalho, filhos, tarefas da casa, responsabilidades emocionais… Ser pai ou mãe que trabalha fora é como viver em uma corda bamba todos os dias. A sensação de culpa por não estar presente o suficiente em casa se mistura com a pressão de entregar resultados no trabalho. Nesse contexto entra o Mindfulness para pais que trabalham fora.
Uma ferramenta poderosa que pode ajudá-los a equilibrar as demandas do trabalho e da vida familiar com mais presença e controle emocional. Não estou falando de uma solução mágica, mas de uma ferramenta acessível e cientificamente comprovada para lidar melhor com as emoções, a pressão e o caos do dia a dia.
O que é mindfulness e como ajuda pais que trabalham fora a encontrar equilíbrio
Mindfulness, ou atenção plena, é a habilidade de trazer sua atenção de forma intencional para o momento presente. É desativar o piloto automáticopor alguns instantes e escolher estar onde o corpo já está: aqui e agora. Parece estranho, mas essa prática traz uma série de benefícios que você verá ao longo desse artigo.
Jon Kabat-Zinn, médico responsável que trouxe a prática de Atenção Plena para o ocidente e criador do programa MBSR (Mindfulness-Based Stress Reduction), define Mindfulness (Atenção Plena) como:
“Mindfulness é prestar atenção, de forma intencional, no momento presente, sem julgamentos.”
Na prática, isso significa estar onde está de corpo e alma de forma consciente e ativa — seja enquanto escova os dentes, prepara o café da manhã ou acolhe uma birra do filho. É estar inteiro no que está fazendo, podendo tomar decisões e responder as situações de forma mais equilibrada e sensata.
Como mindfulness para pais que trabalham fora contribui para a regulação emocional
Pais que trabalham fora lidam com múltiplos papéis ao mesmo tempo: profissionais, cuidadores, parceiros, filhos… O acúmulo de demandas gera estresse, ansiedade, reatividade emocional e sensação de insuficiência.
A prática de mindfulness ou atenção plena ajuda a:
- Reconhecer emoções sem ser dominado por elas;
- Reduzir o estresse e a ansiedade;
- Tomar decisões com mais clareza e consciência;
- Melhorar a escuta e a conexão com os filhos;
- Evitar o piloto automático nas relações;
Segundo estudo publicado no Journal of Clinical Psychology (2021), a prática regular de mindfulness está associada à melhora significativa na regulação emocional e no manejo do estresse em adultos com filhos pequenos.
Como mindfulness para pais que trabalham fora contribui para a regulação emocional
Regulação emocional é a capacidade de perceber, compreender e responder às emoções de forma adequada. Quando não conseguimos regular nossas emoções, tendemos a reagir de forma impulsiva ou desproporcional. Quem nunca se pegou gritando com os filhos por um motivo pequeno após um dia estressante no trabalho?
Mindfulness interrompe esse ciclo. Ao desenvolver consciência dos nossos pensamentos e sensações corporais, conseguimos responder em vez de reagir. Isso transforma o relacionamento com nós mesmos e com os outros.
Como diz a Dra. Kristin Neff, pesquisadora em autocompaixão:
“Mindfulness nos permite enxergar o que está acontecendo em nossa mente, para que possamos agir com sabedoria e gentileza.”
Leia também: 3 Práticas de autocompaixão para aliviar a sobrecarga emocional.
Como começar a praticar mindfulness, mesmo com a rotina cheia de um pai ou mãe que trabalha fora
Não se trata de meditar uma hora por dia, mindfulness não é meditação apenas, trata-se de treinar sua mente e trazê-la para o momento presente em atividades comuns do dia a dia. O segredo está em começar pequeno, com consistência e intenção.
Dicas práticas para pais ocupados:
- Respire antes de reagir – Ao perceber uma emoção forte, traga sua mente para a respiração, preste atenção e respire fundo lentamente três vezes antes de responder; (lembre-se…é trieno)
- Use as rotinas como lembrete – Pratique a atenção plena ao escovar os dentes, preparar o lanche das crianças ou no trajeto para o trabalho. Apenas traga sua mente para observar o que está fazendo, experimente se desafiar por um minuto a apenas focar na sua atividade atual, sem julgar nada, apenas observar. Observe como sua mente reage.
- Pratique 3 minutos de silêncio por dia – Sem celular, sem distrações. Apenas você e sua respiração.
- Coloque um alarme de presença – Um toque no celular 2 vezes ao dia para lembrar de voltar ao presente, a estar aqui e agora.
- Seja gentil consigo mesmo – Autocompaixão é parte essencial da prática. Não é sobre fazer tudo certo, é sobre aceitar que você está começando e ser gentil com seus erros, sem deixar a autocrítica te desanimar.
Equilibrar vida pessoal e profissional é uma jornada
Você não precisa escolher entre ser um bom profissional ou um bom pai/mãe. O equilíbrio entre esses papéis começa dentro — no reconhecimento das suas emoções, necessidades e limites. Mindfulness não é uma obrigação a mais na agenda. É um respiro, um bote salva vidas que te coloca na superfície novamente para respirar.
Shefali Tsabary, autora de “A Mãe Consciente”, afirma:
“Não precisamos ser perfeitos, precisamos estar presentes.”
E estar presente transforma tudo: o trabalho, o vínculo com os filhos, o cuidado consigo mesmo.
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Referências Bibliográficas:
- Kabat-Zinn, J. (2020). Aonde quer que você vá, é você que está lá: Um guia prático para cultivar a atenção plena na vida diária.. Editora Sextante.
- Neff, K. (2017). Auto-compaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás. Editora Kristin Neff/Lúcida Letra.
- Tsabary, S. (2017). A Mãe Consciente: Como Criar os Filhos com Consciência. Editora Sextante.
- Goodman, R. J., & Schorling, J. B. (2012). A mindfulness course decreases burnout and improves well-being among healthcare providers. International Journal of Psychiatry in Medicine, 43(2), 119–128.
- Farb, N. A., Anderson, A. K., Mayberg, H., Bean, J., McKeon, D., & Segal, Z. V. (2016). Minding one’s emotions: mindfulness training alters the neural expression of sadness. Emotion, 10(1), 25–33.
- Creswell, J. D. (2017). Mindfulness Interventions. Annual Review of Psychology, 68, 491–516.
- Journal of Clinical Psychology. (2024).
