
Trabalhar e ser promovida, cuidar da casa, educar os filhos…. Talvez você, como tantas mulheres, esteja vivendo no modo sobrevivência. E esteja enfrentando uma sobrecarga emocional silenciosa. Exausta. Fisicamente, emocionalmente, mentalmente.
Esse artigo é para você, mulher que carrega o mundo nas costas e, mesmo assim, continua se cobrando por não estar fazendo o suficiente. Vamos falar sobre essa dor que não se fala. E também sobre caminhos de cuidado que vão muito além do clichê do “se priorize”.
Quando a sobrecarga emocional vem disfarçada de força.
Quantas vezes você ouviu um elogio que na verdade era um pedido disfarçado? “Nossa, você é tão forte!”. Forte porque aguenta tudo, porque não reclama, porque resolve. Mas e quando ninguém vê que por dentro você está carregando um peso e gritando por um colo?
Ser forte o tempo todo cansa. Cobra um preço alto. Estresse crônico, ansiedade, dores no corpo, insônia, falta de paciência com quem você ama. A conta emocional chega. E muitas vezes a gente só para quando o corpo grita.
Mas precisa ser assim?
Existe um outro caminho. Ele se chama autocompaixão
Autocompaixão não é autopiedade. Não é se fazer de vítima, nem se acomodar. Autocompaixão é a capacidade de se tratar com a mesma gentileza com que você trataria uma amiga querida. É reconhecer a dor sem julgamento. É oferecer a si mesma cuidado, compreensão, acolhimento.
A pesquisadora Kristin Neff, pioneira mundial no estudo da autocompaixão, mostra em diversas pesquisas que essa atitude consigo mesma reduz o estresse, a ansiedade,a autocrítica, a sobrecarga emocional, e aumenta a resiliência, o bem-estar e a saúde emocional.
E essa ideia se conecta profundamente com o que o psicólogo David H. Rosmarin traz no livro O Poder dos Ansiosos — uma leitura essencial para quem deseja aliviar a sobrecarga emocional com mais presença e humanidade.
Rosmarin propõe que a ansiedade não é, necessariamente, algo a ser eliminado, mas compreendido e acolhido com mais compaixão e menos julgamento. Para ele, a autocompaixão é uma das ferramentas mais poderosas para transformar o modo como lidamos com nossas emoções difíceis.
Como começar? 3 práticas de autocompaixão propostas por David Rosmarin
Você não precisa de uma hora por dia nem de retiros em montanhas. A autocompaixão começa com pequenos gestos no meio da rotina. Aqui vão três práticas sugeridas pelo autor:
💗 1. Encontre palavras compassivas
Em momentos de ansiedade ou exaustão, diga para si mesma em voz alta (ou mentalmente):
“Está tudo bem eu me sentir assim. Isso não me faz fraca, me faz humana.”
Reconheça a emoção com gentileza. Nomeá-la e acolhê-la é um ato de coragem.
💗 2. Faça uma pausa de 60 segundos
Rosmarin sugere uma pausa consciente de apenas um minuto. Feche os olhos, respire profundamente e apenas observe o que você está sentindo. Sem tentar mudar nada. Só por um minuto.
Isso ativa o sistema nervoso parassimpático, ajudando a reduzir o estado de alerta e tensão.
💗 3. Tenha um mantra de ancoragem
Crie uma frase curta que te lembre de sua humanidade e valor. Pode ser algo como:
“Estou fazendo o melhor que posso com o que tenho agora.”
Repita sempre que perceber que está sendo dura demais consigo mesma.
Essas práticas são simples, realistas e poderosas. Elas não te tiram da realidade — te devolvem a ela com mais presença e compaixão.
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Obstáculos que podem surgir (e como lidar com eles)
“Mas eu não tenho tempo.”
Sim, eu entendo. Mas autocompaixão não exige tempo. Exige presença. Pode durar 1 minuto entre uma tarefa e outra.
“Tenho medo de me acomodar se eu me tratar com gentileza.”
Essa é uma ideia comum. Mas as pesquisas mostram que a autocompaixão aumenta a motivação e não o comodismo. Quando somos tratadas com gentileza, queremos crescer e não fugir.
“Não sei por onde começar.”
Você já começou. Está aqui, lendo esse texto, buscando um novo jeito. O resto é um passo de cada vez.
Conclusão: você não precisa aguentar tudo sozinha
Ser forte não significa se endurecer. Significa reconhecer seus limites, se acolher nas dores, e escolher caminhos de mais leveza e verdade.
A autocompaixão é um convite. Um respiro. Um retorno para casa — especialmente para quem convive com a sobrecarga emocional há tanto tempo.
Se você quiser se aprofundar nesse tema, recomendo a leitura do livro O Poder dos Ansiosos, de David H. Rosmarin. É uma obra sensível, acolhedora e prática, que mostra como a ansiedade pode ser enfrentada com mais autocompaixão, espiritualidade e humanidade.
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Ah!! e lembre-se de compartilhar esse conteúdo com outras mulheres que precisam saber disso.
Referências Científicas
Rosmarin, D. H. (2022). O Poder dos Ansiosos – Ed. Sextante
Neff, K. D. (2018). Autocompaixão: Pare de se torturar e deixe a insegurança para trás. Editora Kristin Neff/Lúcida Letra
Neff, K. D. (2003). Self-compassion: An alternative conceptualization of a healthy attitude toward oneself. PDF
Neff, K. D., & Germer, C. K. (2013). Mindful Self-Compassion Program. Estudo
